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Glossário / Luto

Luto

O que é?

O luto é um trajeto pessoal, de natureza dinâmica, que ocorre após a pessoa experienciar uma perda geradora de sofrimento. É uma experiência universal e incontrolável, que depende do reconhecimento social. 

Tipicamente, quando falamos em luto, associamos a morte de um ente querido. Porém, ao longo da vida, passamos por diferentes tipos de luto, quando experienciamos a perda de objetos, objetivos, relações, saúde, fertilidade, etc. O luto por não-morte tende a não ser reconhecido pela sociedade enquanto tal, e essa desvalorização da perda por parte do meio tende a dificultar o processo da pessoa enlutada. Já o luto por morte tende a estar envolto em rituais bem estabelecidos e públicos, que ajudam os enlutados a processar a perda. 

Sendo a morte uma experiência natural, o ser humano está biologicamente preparado para se separar sem se desestruturar, e a maioria das pessoas é suficientemente resiliente para lidar com o luto.

No entanto, algumas pessoas enlutadas não conseguem dar sentido à sua vida após a experiência de perda e/ou desenvolvem mecanismos desadaptativos de coping.

Para esta dificuldade em viver o luto contribuem diversos fatores, tais como a história da relação com o falecido, a condição social, a idade, as circunstâncias da morte, e as perdas secundárias (e.g. depois da perda de um ente querido podem existir perdas de hábitos, capacidade económica, etc). 

Quais os Sintomas?

Falamos de Perturbação de Luto Complicado Persistente quando, passados 12 meses da morte de alguém com quem se tinha uma relação próxima, se verificam de forma regular e intensa:

  1. saudade persistente do falecido;
  2. mágoa intensa e dor emocional face à morte;
  3. preocupação com o falecido;
  4. preocupação com as circunstâncias da morte;
  5. dificuldade em aceitar a morte;
  6. experienciar incredulidade ou entorpecimento emocional quanto à perda;
  7. dificuldade em relembrar positivamente o falecido;
  8. amargura ou raiva relacionadas com a perda;
  9. avaliações desadaptativas sobre o próprio quanto ao falecido/morte (e.g. culpa);
  10. evitamento excessivo de lembranças da perda;
  11. desejo de morrer para estar com o falecido;
  12. dificuldade em confiar nos outros;
  13. sentir-se só ou desligado dos outros;
  14. sentir que a vida não tem significado e/ou não consegue funcionar sem o falecido;
  15. confusão acerca do seu próprio papel na vida;
  16. dificuldade/relutância em perseguir interesses ou planear o futuro.

A existência de alguns destes sintomas nos primeiros 12 meses após a perda deve ser considerada como um luto normal.

Como tratar?

O modelo das fases do luto de Kübler-Ross (1969) é provavelmente um dos modelos mais famosos e difundidos pelos media. Segundo este modelo, o luto passa sequencialmente pelas fases de negação/isolamento, raiva/protesto, negociação, depressão e por fim, aceitação.

No entanto, o luto tende a não ser um processo linear e a pessoa pode passar por todas estas fases por uma ordem totalmente diferente, ou não as experiências de todo.

O modelo de Stroebe & Shut (1999, 2001) é mais contemporâneo e parte de uma premissa de que o processo de luto é desorganizado e a pessoa enlutada oscila entre os sentimentos de perda e a necessidade de restauração (retoma do quotidiano e reorganização do mesmo).

Luto Gestacional

Importa também abordar o luto gestacional, que tende a ser um tipo de luto bastante invisível na sociedade. É exemplo disso o facto de só recentemente este luto ter gerado o direito a faltar ao trabalho por parte de ambos os progenitores (Lei n.º 13/2023, de 3 de abril, do Código do Trabalho).

Como já foi referido, o reconhecimento social tende a ser um dos fatores mais importantes para um bom processamento do luto, e aquilo que é verificado muitas vezes é uma desvalorização/relativização desta perda por parte do grupo social.

Assim, muitas vezes, surgem sentimentos de solidão emocional, em que a(s) pessoa(s) que passam por este tipo de perda sentem que não são compreendidas por ninguém. Além de mais, sendo o luto um processo pessoal, é frequente que os progenitores processem este luto de formas distintas, o que pode ser gerador de uma crise conjugal (uma vez que há uma expectativa de que, sendo uma perda pela qual ambos passam, o luto seja feito nos mesmos timings, com o mesmo nível de sofrimento, e disruptividade). 

A procura de ajuda profissional, quer a nível individual, quer a nível de casal/familiar, pode ser útil no processamento do luto, mesmo nos primeiros 12 meses. 

Referências

  1. Associação Americana de Psiquiatria. (2014). Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais: DSM-5. (J. C. Fernandes, Ed.) Lisboa: Climepsi Editores
  2. PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados. (s.d.). Obtido de https://pra.pt/o-luto-gestacional/
  3. Stroebe M, Schut H. The dual process model of coping with bereavement: rationale and description. Death Stud. 1999 Apr-May;23(3):197-224.
  4. Tyrrell, P., Harberger, S., Schoo, C., & Siddiqui, W. (12 de 2023). Kubler-Ross Stages of Dying and Subsequent Models of Grief. Obtido de National Library of Medicine: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK507885/#article-29430.s8

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