Glossário / Depressão Pós-Parto
Depressão Pós-Parto
O que é?
A depressão pós-parto é uma perturbação do humor e carateriza-se, tal como outras perturbações depressivas, pela presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento da mulher.
Os episódios de humor podem ter o seu início durante a gravidez ou no pós-parto. Embora as estimativas difiram de acordo com o período de seguimento após o parto, entre 3 e 6% das mulheres terão o início de um episódio depressivo maior durante a gravidez ou nas semanas ou meses após o parto. Na verdade, 50% dos episódios depressivos maiores no “pós-parto” começam antes do parto. Assim, esses episódios são designados coletivamente como episódios no periparto (DSM-5).
A sintomatologia apresenta características similares à evidenciada noutros episódios depressivos que podem manifestar-se em qualquer outro momento do ciclo de vida da mulher. No entanto, com a presença e intensidade diferente em determinados sintomas.
Os sintomas mais comuns são, agitação psicomotora/ lentificação; maior indecisão ou incapacidade na tomada de decisões e falta de concentração; humor mais deprimido, maior falta de interesse e maior ideação suicida.
As cognições (pensamentos) comuns os sentimentos de culpa por pensarem que não são boas mães, por preocupação excessiva pela saúde do bebé e em alguns casos, por terem pensamentos obsessivos de fazer mal ao bebé; dificuldade para tomar decisões no que respeita à alimentação e/ou educação, uma baixa auto imagem do papel de mãe e dificuldades de relação com outros membros significativos da família, como companheiro(a), mãe, sogra.
A presença de sintomas físicos tais como cansaço, hipersónia ou insónia podem dificultar o diagnóstico e contribuem para a dificuldade de enfrentar as tarefas cotidianas.
As alterações de apetite e peso podem refletir somente as alterações de peso próprios do parto e/ou amamentação, assim como o sono pode piorar no contexto das necessidades do cuidado do bebé.
Causas
As hipóteses de causas e fatores associados do aparecimento e manutenção da Depressão Pós-Parto, englobam-se dentro do modelo geral de vulnerabilidade frente ao stress.
Este modelo tem em consideração o parto (stressor neuro-hormonal e imonológico) e a transição para o papel da maternidade (stressor psicossocial) como fatores que se inter-relacionam provocando alterações de humor que se convertem em episódios depressivos no caso de mulheres mais vulneráveis a tais sintomas, podendo a vulnerabilidade ser do foro genético (vulnerabilidade genética com associação familiar e hereditária), neuro-hormonal (maior sensibilidade diferencial às alterações hormonais próprios da gravidez e pós-parto e/ou cognitiva (personalidade, estilos cognitivos, estratégias de resolução de problemas e recursos de apoio, acontecimentos de vida stressores, entre outros).
Tratamento
O tratamento deverá passar por avaliação e acompanhamento psicológico/psicoterapêutico e/ou psiquiátrico, podendo ser necessário tratamento farmacológico adequado à fase de puerpério (pós-parto) e/ou amamentação, apoio e rede de suporte psicossocial e, se necessário, apoio à amamentação, avaliação e tratamento do soalho pélvico ou outras manifestações físicas e fisiológicas, nutrição.
Referências
- Esteves-Gracia & Miyar Valdés (2017). Manual de Psiquiatría Perinatal. Guía para el manejo de los transtornos mentales durante el embarazo, posparto y lactancia. Editorial Médica Panamericana. Madrid.
- APA (2014). Manual Diagnóstico e Estatísco de Transtornos Mentais. DSM-5. Artmed. (5ªEd).