Autolesão

A autolesão descreve o ato de provocar dano a si próprio, intencionalmente, mas que não resultou na morte.

Geralmente, não representam uma tentativa malsucedida de suicídio, mas sim um esforço para preservar a estabilidade emocional da pessoa. Esta geralmente carece de estratégias adequadas para lidar com sentimentos desagradáveis e o sofrimento que estes provocam.

As formas existentes incluem cortar, queimar, bater em si mesmo, arranhar a pele e outros métodos que causam dor.

A função destes comportamentos pode não ser clara mas os motivos apontados, com mais frequência, são o de uma diminuição de uma sensação de angústia insuportável, a procura de alívio ou de uma sensação de controlo, a tentativa de alterar o comportamento dos outros, a vontade de escapar a uma situação indesejada, a necessidade de mostrar o desespero aos outros, uma forma de se punirem ou de obtenção de ajuda.

Existem autores que defendem que objetivo destas ações é uma forma de desviar o foco dos sentimentos intensamente dolorosos e que são percecionados como insuportáveis.

Podem existir várias consequências para a saúde física e mental. No que toca à saúde física podem surgir infeções, cicatrizes ou lesões mais graves decorrentes da lesão provocada inicialmente. Já no que toca à parte emocional, a autolesão pode associar-se a vergonha, sentimentos de culpa e isolamento social, por exemplo.

É importante ainda referir que a taxa de suicídio nos 12 meses seguintes, após provocar autolesão, é cerca de 100 vezes maior em comparação com a população em geral. Esta permanece elevada durante vários anos, com mais de 5% a cometer suicídio dentro de 9 anos.

E, no que toca ao comportamento autolesivo, aproximadamente um em cada seis repete a autolesão no prazo de 1 ano, e um em cada quatro num prazo de 4 anos.

É necessário a ajuda de um profissional de saúde para decidir o melhor tratamento nestas situações. Este pode passar por terapia, em grupo ou individual, sendo a terapia cognitivo-comportamento e a terapia comportamental dialética as que têm demonstrado melhores resultados. Pode ainda ser necessária a prescrição de medicamentos se for diagnóstica alguma doença psiquiátrica de base, como depressão, por exemplo.

Sobretudo, é crucial reconhecer o sofrimento causado por essa manifestação de agressão na pessoa afetada e nas pessoas que a rodeiam.

1. Harrison, P.J. et al. (2018) Shorter Oxford Textbook of Psychiatry. Oxford: Oxford University Press. 
2. The NHS website. (s.d.). nhs.uk. http://www.nhs.uk
3. Almeida, C. M., & Horta, P. (2010). Auto-lesão, auto-mutilação e auto-agressão. A mesma definição? news@fmul, (16).