Glossário / Ataque de Pânico
Ataque de Pânico
O que é?
O ataque de pânico faz parte dos quadros de transtorno de Pânico caracterizado por uma ansiedade patológica onde os ataques do pânico se tornam recorrentes. Eles surgem inesperadamente e aparentemente sem motivação e são acompanhados por intensos sintomas físicos e psíquicos.
A pessoa sente que está perdendo a capacidade de controlar as sensações físicas que ela começa a perceber como ameaçadoras à sua própria vida, pois os sintomas surgem como sensação de morte iminente ou medo de enlouquecer. A pessoa começa a sentir medo de ter novas crises e passa a evitar os locais que ela considera com maior probabilidade de desencadear os sintomas.
O transtorno do pânico pode se apresentar com ou sem agorafobia (a pessoa deixa de frequentar locais que para ela seriam difíceis de escapar ou que não teria auxílio, caso ela apresentasse uma crise de pânico).
Sintomas
O transtorno do pânico, de acordo com os manuais diagnósticos e estatísticos dos transtornos mentais (APA, 2023) caracteriza pela presença de ataques de pânico recorrentes e inesperados, causando intenso medo ou desconforto e deve vir acompanhado de quatro ou mais dos sintomas abaixo relacionados que surgem abruptamente e alcançam seu pico em dez minutos: além disso deve ser seguido de pelo menos um (1) mês de preocupação persistente em ter outra crise de pânico.
Palpitação/taquicardia, suor, tremores, sensação de falta de ar, sufocamento ou asfixia, dor ou desconforto torácico, náusea ou desconforto abdominal, sensação de tontura, vertigem ou desmaio, sensação de irrealidade ou de estar distanciado de si mesmo, medo de perder o controle ou enlouquecer, medo de morrer, formigamentos, calafrios ou ondas de calor. Para caracterizar como transtorno do pânico são necessários pelo menos dois ataques de pânico inesperados.
Medo de morrer. Medo de lugares fechados. Medo de lugares abertos. No transtorno do pânico os ataques súbitos de ansiedade vêm acompanhados de sintomas físicos, emocionais, medo de ter novos ataques e evitação dos locais ou situações nos quais ocorreram o pânico. Surgem geralmente na adolescência e início da idade adulta quando as definições de escolhas (futuro) começam a surgir e o pânico pode afetá-las. Diminui a produtividade, gasta-se muito tempo em emergências médicas, exames, com a finalidade de corroborar que realmente não existe nenhuma doença grave.
Em geral os ataques de pânico surgem de uma catastrofização em relação a sintomas físicos. Ocorre um processamento inadequado de informações vindo do dia a dia (ouve um barulho ou gritos e pensa que é um assalto) ou interno (taquicardia, sudorese, vertigem), a pessoa percebe estas sensações como perigosas, e até como risco de morte iminente. O pânico acaba entrando num círculo vicioso, existe a vulnerabilidade fisiológica, surge uma situação que provoca estresse (decisão a tomar, cobrança externa ou interna, pressão no trabalho, pressão familiar, perda de emprego, acreditar que merece mais em termos de salário pelo trabalho que desempenha, insatisfação com o trabalho, com a família, com as próprias realizações, preocupação com o futuro, entre tantas outras situações que não deixam o pensamento aquietar) e aí vem o primeiro alarme falso (uma forte palpitação, uma transpiração inexplicada, um formigamento sem motivo) e surge o primeiro condicionamento, a palpitação ou outro sintoma qualquer funciona como alarme aprendido.
Cada vez que tiver uma palpitação, vai pensar que o pior poderá acontecer. Juntamente com isso existe uma vulnerabilidade psicológica (medo de fracassar, insegurança, baixa autoestima, falta de confiança, etc) e se inicia um estado de vigilância, a pessoa se volta para a escuta de qualquer sintoma físico que possa surgir nos diferentes espaços por onde circula e aí poderá ter início o processo de evitação da situação, pois não se consegue suportar os sintomas de ansiedade que se desencadeiam.
Causas
As causas dos ataques de pânico podem estar relacionadas a situações extremas de estresse, como crises financeiras, brigas, violência doméstica, separações ou mortes na família, experiências traumáticas na infância ou depois de assaltos e sequestros.
Cabe ressaltar que algumas pessoas são mais vulneráveis à ansiedade e aos seus sintomas e isso também é um fator que perpetua os ataques de pânico pois a pessoa muitas vezes interpreta um sintoma físico como uma sentença de morte, ou a possibilidade de estar tendo um Acidente vascular cerebral (AVC).
Pessoas com pânico estão sempre alertas aos sintomas físicos, assim qualquer palpitação poderá ser interpretada como um ataque do coração, um formigamento poderá ser interpretado como um AVC. Os pensamentos negativos e catastróficos também podem ser gatilhos para um ataque de pânico.
Consequências
Os ataques de pânico podem restringir a pessoa de desempenhar atividades importantes como trabalhar fora de casa, ir ao supermercado causando isolamento social, uso de bebida alcoólica para suportar o sofrimento. Sente medo em sair de casa e por isso evita locais onde já sentiu sintomas de ansiedade, evita circunstâncias causadoras de stress, pois quando exposta a estas situações sente medo de morrer ou enlouquecer, ou perder o controle sobre si mesma
Tratamento
A técnica de escolha geralmente é a terapia cognitivo comportamental. nesta terapia se inicia questionando os pensamentos, analisando a sua situação e utilizando diversas estratégias de enfrentamento como andar de skate, tocar violão, relaxar na rede, rir, caminhar, praticar Yoga, conversar com os amigos, com a família (mãe, pai, irmãos) dedicar-se ao trabalho, passear com o seu cachorro, dar vazão à emoção de curtir a namorada, valorizar as conquistas, praticar uma boa leitura, ir ao cinema, cuidar do jardim, mexer na terra, andar descalço, respirar, abraçar, amar.
Estes são alguns caminhos para o reencontro do corpo e da alma. Como ele diz: Acreditem que o tempo proporciona isso.
Uma das estratégias de tratamento é o uso da terapia de exposição que consiste em expor a pessoa de maneira gradativa e repetitiva, quer de forma imaginária ou real, as situações que desencadeiam o ataque de pânico.
A terapia de exposição é repetida até que as pessoas se tornem muito confortáveis com a situação provocadora de ansiedade. Para aumentar a chance de que a pessoa se sinta confortável durante a exposição, muitas vezes ela aprende técnicas de relaxamento para serem usadas antes de confrontar a situação provocadora de ansiedade. Por exemplo, respirar de modo lento e profundo é uma maneira confiável de reduzir a ansiedade que pode desencadear um ataque de pânico.
Na exposição, a pessoa é exposta diversas vezes à situação ou objeto temidos até ela sentir que houve uma habituação a situação e a ansiedade diminuiu.
É importante fazer uma hierarquia de exposição e iniciar com o nível de exposição mais baixo de ansiedade e que possa ser facilmente tolerado pela pessoa. Assim, pode se iniciar com a pessoa apenas observando a situação temida e aos poucos ela vai se aproximando. Este trabalho de exposição é feito em conjunto com treino de respiração e relaxamento para que a pessoa possa controlar os sintomas físicos como palpitação, sudorese, etc.
Quando a pessoa se sentir confortável naquele nível de exposição, ela é gradativamente exposta a um contato cada vez mais próximo à situação ou ao objeto, mas apenas até o momento em que os sintomas passam a ser desconfortáveis. A pessoa é exposta a um contato cada vez mais próximo até que ela consiga tolerar uma interação normal com a situação ou o objeto.
Sugere-se que a pessoa enfrente as situações que provocam ataques de pânico e nunca evite, pois quanto mais evitar mais ela alimenta o medo, pois como ao evitar a ansiedade diminui o cérebro compreende que evitar é uma saída, porém isso aumenta o medo e a pessoa vai se isolando do mundo.
Importante que a pessoa reconheça que os medos são produto dos pensamentos e geralmente não teme vidências de que o que pensa irá acontecer. Quando sentir que terá a crise de pânico, respirar lenta e profundamente criando um relaxamento físico e mental.
Referências
- APA (2023). Manula diagnóstico e estatistico dos transtornos mentais (DSM-5-TR). Porto Alegre: editora Artmed.
- Barros Neto, T.P. (2010). Sem medo de ter medo. São Paulo: Casa do psicólogo.
- Iamin, S. R. S. (2013). Mudando o caminho da ansiedade. Curitiba: Editora Appris.