Glossário / Amamentação
Amamentação
Historicamente, a amamentação foi descrita como o processo fisiológico em que a mãe alimenta o seu bebé ou criança diretamente na mama. O pediatra Bo Vahlquist, em 1981, dizia: em todos os mamíferos, o ciclo reprodutivo inclui gestação e lactação. Na ausência de qualquer destas duas etapas, os mamíferos, incluindo o homem, não teriam sobrevivido.
Atualmente, o termo “amamentação” já não está tão claro, uma vez que pode envolver a alimentação da criança com leite materno extraído e oferecido por outros meios, copo ou biberão. Também porque se entende agora que amamentar é muito mais que apenas alimentar.
Posto isto, existe consenso sobre a amamentação consistir no processo natural de nutrir o bebé/ criança com leite materno (independentemente da forma), por contribuir para a otimização do seu desenvolvimento e crescimento.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação na primeira hora após o nascimento e exclusivamente durante os primeiros seis meses de vida, continuando até pelo menos aos dois anos de vida da criança.
O leite humano é complexo e único para cada díade mãe-bebé que nutre e protege desde o nascimento e enquanto o aleitamento materno durar. É um fluido biológico dinâmico que se ajusta a diferentes fatores genéticos, ambientais e gestacionais, como situações de prematuridade e de baixo peso à nascença.
Vantagens
A amamentação tem inúmeras vantagens tanto para a criança como para a mãe.
No bebé, contribui para o seu desenvolvimento ótimo global, apresentando benefícios de saúde a curto e longo prazo, incluindo a promoção da função gastrointestinal, neuro desenvolvimento e redução de infeções respiratórias e episódios de diarreia.
Na mãe, os benefícios incluem, mas não se limitam a:
- facilitar a recuperação pós-parto pela promoção da involução uterina precoce e regresso ao peso anterior;
- promover a vinculação entre a díade mãe-bebé e reforçar a autoestima da mulher, reduzindo o risco de depressão pós-parto;
- reduzir o risco de patologia oncológica, como cancro da mama e do ovário
- reduzir o risco do desenvolvimento de patologias crónicas como diabetes, hipertensão e osteoporose.
Uma mãe que amamenta promove a criação de laços com o seu bebé (vinculação) através da libertação de calor, afeto, segurança e proteção que, juntamente com o estímulo provocado pela sucção, ativa a libertação de ocitocina, promovendo a ejeção de leite no decorrer da amamentação e consequentemente facilitando todo este processo.
Dificuldades
As causas mais comuns relacionadas com o insucesso da amamentação estão relacionadas com a dor ao amamentar e com baixa produção de leite.
Ambas as situações podem ter como causa diversos fatores que merecem ser investigados.
Dentro dos principais fatores responsáveis pela dor ao amamentar e por uma baixa produção de leite, o mais comum é o incorreto posicionamento e pega do bebé a mamar. Ao estar a mamar de forma incorreta, poderá estar a aplicar tensões indevidas e causar dano, como feridas mamilares, e a interferir na dinâmica de transferências do leite, reduzindo a circulação de ocitocina, dificultando o esvaziamento da mama e levando à diminuição da produção de leite.
A mulher que sente dificuldade no processo de amamentação deve procurar apoio imediato, para uma intervenção e correção atempadas, que vai aumentar a probabilidade de sucesso daquela história de amamentação.
Referências
- WHO. Global strategy for infant and young child feeding. Fifthy-fourth world Heal Assem. 2001;(1):5.
- Victora CG, Bahl R, Barros AJD, França GVA, Horton S, Krasevec J, et al. Breastfeeding in the 21st century: Epidemiology, mechanisms, and lifelong effect. Lancet [Internet]. 2016;387(10017):475–90. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(15)01024-7