Glossário / Alergia Alimentar
Alergia Alimentar
O que é?
Alergia alimentar é definida como uma reação exagerada do nosso sistema imunitário a proteínas presentes nos alimentos. Diferem das intolerâncias e hipersensibilidades que resultam de uma resposta distinta do nosso corpo, habitualmente mais ligeira, que não envolve uma reação imediata do nosso sistema imunitário mediada por IgE.
Alergia alimentar é um problema de saúde mundial que afeta milhões de pessoas em numerosos aspetos das suas vidas.
Qualquer alimento pode ser a causa de alergia, mas a grande maioria das alergias acontecem associadas aos mesmos alimentos sendo os mais comuns o leite de vaca, ovos, frutos gordos, peixe, crustáceos, trigo, soja e sementes de sésamo.
Sintomas
As crises alérgicas podem ser ligeiras ou intensas. Nos casos mais graves pode mesmo levar à morte caso não haja uma resposta médica atempada.
Os sintomas mais comuns afetam principalmente o sistema digestivo, podendo incidir também no sistema respiratório ou pele.
-Pele vermelha ou erupção cutânea
- Urticária (comichão)
- Sensação de formigueiro ou comichão na boca
- Inchaço na cara, língua ou lábios
- Inchaço da garganta e cordas vocais
- Tosse e barulho ao respirar
- Dificuldade ao respirar
- Vómito e/ou diarreia
- Cólicas abdominais
- Tonturas e/ou vertigens
- Perda de consciência
Em casos graves as vias aéreas nos pulmões ou a laringe podem ficar contraídas impedindo a respiração e levando a asfixia e choque anafilático.
Causas
Nas últimas décadas tem-se registado um aumento do diagnóstico das alergias alimentares em crianças e adultos. Apesar da extensa pesquisa científica na área, as causas exatas das alergias alimentares podem ser múltiplas e são ainda inconclusivas. Apesar disso, foram encontrados alguns fatores de risco que podem estar associados a uma maior incidência de alergias alimentares.
- Viver num ambiente hiperprotegido (não ter contacto regular com a rua, terra, irmãos/crianças, viver num ambiente excessivamente higienizado)
- Parto não vaginal
- Não ter animais de estimação
- Não ter contacto habitual com a comunidade (adultos e crianças)
- Ter eczema e/ou pele seca
- Baixa exposição solar e níveis de vitamina D baixos
- Não ter sido amamentado
- Introdução alimentar tardia
Consequências
Comer pode ser um ato muito automático e intuitivo, mas para quem tem uma alergia alimentar, sair da rotina e fazer uma refeição fora requer alguma atenção extra.
Antes de comer é necessário garantir que as opções que vai ingerir são seguras e certificar-se que os alimentos que escolhe não têm os ingredientes aos quais é alérgica. Esta hiperconsciência da alimentação pode gerar ansiedade. Por isso, para facilitar a sua vida e a dos que a rodeiam, deve comunicar aos seus amigos e familiares mais próximos a sua alergia para que eles estejam também alerta e não lhe ofereçam alimentos que representem um risco.
Deve também dizer-lhes o que fazer caso precise de ajuda, assim poderá ficar mais tranquila.
As alergias têm diferentes graus de gravidade, as mais graves, ativas por um mero toque na pele podem gerar reações muito graves. Nestes casos, de forma a garantir a segurança e bem-estar da pessoa alérgica, esta tem de evitar locais em que se produzam ou consumam ingredientes aos quais é alérgica.
No caso de pessoas intensamente alérgicas à proteína do trigo isso pode significar não poder entrar numa pastelaria, restaurante ou supermercado e garantir que os alimentos que consomem são seguros e têm certificação de “Isento de Glúten”.
Mais uma vez a hipervigilância, limitações alimentares e sociais podem gera ansiedade e ser um fator de risco para desenvolver quadros depressivos.
Tratamento
Embora a ciência continue a procurar possíveis tratamentos, não há cura para as alergias alimentares.
Caso seja diagnosticada com uma alergia alimentar é importante que saiba quais os alimentos que podem conter esses ingredientes, que aprenda a ler rótulos alimentares e que garanta que não come nenhum alimento que possa conter este ingrediente, de forma a prevenir efeitos adversos graves à saúde.
Felizmente, a legislação portuguesa exige que seja claro no rótulo dos alimentos a presença destes alimentos (alergénios). Da mesma forma, nos estabelecimentos de restauração pública e coletiva é obrigatória a comunicação da lista de alergénios de todos os alimentos disponibilizados.
Caso tenha tido algum choque anafilático deve discutir com o médico a possibilidade de ter sempre consigo um medicamento para SOS.
Referências
- Calvani M, Anania C, Caffarelli C, Martelli A, Miraglia Del Giudice M, Cravidi C, Duse M, Manti S, Tosca MA, Cardinale F, Chiappini E, Olivero F, Marseglia GL. Food allergy: an updated review on pathogenesis, diagnosis, prevention and management. Acta Biomed. 2020 Sep 15;91(11-S):e2020012. doi: 10.23750/abm.v91i11-S.10316. PMID: 33004782; PMCID: PMC8023067.
- Gargano, Domenico, Ramapraba Appanna, Antonella Santonicola, Fabio De Bartolomeis, Cristiana Stellato, Antonella Cianferoni, Vincenzo Casolaro, and Paola Iovino. 2021. “Food Allergy and Intolerance: A Narrative Review on Nutritional Concerns” Nutrients 13, no. 5: 1638. https://doi.org/10.3390/nu13051638
- Food information to consumers – legislation. European Commission, 2023 https://food.ec.europa.eu/safety/labelling-and-nutrition/food-information-consumers-legislation_en , 20/10/2023